quinta-feira, 11 de setembro de 2008

domingo, 2 de março de 2008

Não era culpa dela, ela estava acostumada a ganhar. Tudo dava certo, as coisas conspiravam em seu favor. A vida tinha dado a ela sorte e não juízo, e por isso mesmo ela achava que era fácil. E um dia ela foi descobrir que a vida não era fácil.Dirigia devagar pois tinha medo dos radares. Não corria nunca, e a prudência se manifestava nessa forma zelosa. Naqueles dias em que a vida passou a ser difícil correu com seu carro. Embriagou-se e correu. Foi cantando alto suas músicas favoritas, músicas que falam de amor, felicidade, amor, tristeza. O amor pode acertar sua vida ou o amor pode partir seu coração, dizia a música. Como entendia o idioma, e entendia a linguagem, e entendia o que dizia a letra, sabia do que se tratava, cantou alto. Correr com o carro embriagada, não foi tudo. Ela contrariou tudo que sabia sobre a vida, tudo que sabia sobre as pessoas, tudo que sabia sobre orgulho e sobre como se deve agir. Contrariou tudo e agiu como seu coração mandava, louca. Agiu loucamente pois tinha um coração louco, um coração apaixonado, um coração iludido, todo um ser que se viu em beijos e abraços, em noites de amor, em dias de alegria, em companheirismo, em amizade, em promessas. O coração não vê nada disso, era louco pois sentia apenas, não pensava. E deixou de ter sorte. E quando deixou de ter sorte não devia mais nada à vida. E sem dever não sabia mais viver direito. Não tinha mais débito com o destino e tomou atitudes transloucadas, abandonou o domínio de sua razão e deixou que seu coração lhe guiasse em caminhos errados, em alta velocidade. Não era culpa dela, pois não estava acostumada com nada disso. Então não foi culpa dela ela ter sofrido tanto. E foi com sorte que ela chegou sã e salva.

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