quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Fim e começo.

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*** Conversinha ***

Começa uma história
a ser escrita
Pronta pra ser florida
habilitada à tragédia
Nasce um caminho
de amor e ódio
de ódio e rancor
de rancor e amor
Caminho comum
história comum
Rumo misterioso
Começa um caminho de dois misteriosos
Nasce uma história que é igual e que é novidade
Quem espera prosperidade
teme rejeição
pressupõe o interesse
julga procedente
a história e o caminho
as novidades misteriosas
o risco e a coragem
a vida que segue.

(Prática cível, 20/10/2008)


*** ***


*** Cala-te ***

Um bibelô de cristal
frágil como um momento
a ser cuidado com apreço
preservado com delicadeza
pra que não perca seu tênue brilho
tão caro a quem o quer
pra que seja sempre o mesmo
com seu encanto e sua magia
que não apague e esmoreça
que não se torne um reles enfeite
além de inútil, não belo
além de pequeno, indesejado.
E rachou-se já
cristal que não resiste ao ácido sarcasmo
brilho que se perde na defesa espinhosa
de um brio e um orgulho que não valem um tostão
se medidos na moeda do ser que sente
na moeda da vida, aquela que se paga na mesma.
Demais negligência e acidente
leve rachadura ou em pequenos pedaços quebrado - espatifado
não é mais o mesmo - igual
não é mais o objeto perfeito (mas...)
cola-se tudo e vira mosaico colorido
pedaços perdidos juntados com pressa e com algum transtorno
novo quadro disforme
talvez confuso, talvez rebelde.
Cala-se tudo e vira arte.

(Direito Econômico, 29/10/2008)

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Ri-(a)-mando... (e odiando)

(Esperando Paulo Pimenta, 22/10/2008, interrompida por Márcio, o Belazzi.)


Criando versos num caderno colorido
Citando mágoas de um amor sofrido
Imaginando uma vida perfeita
Desprezando a realidade já aceita
Ironizando as belezas reais
Valorizando sonhos ideais
Julgando mal a sabedoria do mundo
Castigando um coração vagabundo
Cantando canções sem alegria
Guardando a inspiração tardia
Jantando do pior veneno
Esperando um verão ameno
Suando, cansada, sozinha
Andando sem sair da linha
Lançando o juizo à sorte
Tentando ser sempre forte
Estudando a mínima possibilidade
Evitando julgar a saudade

(...)

Pensando. E escrevedo.
Gerúndio que não rima.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Rebeldes.

(Jonhson Meira, parte 1)


- Se segure, não deixe o vento te levar.
É melhor se equilibrar...
Esses temporais são perigosos.
Tenha medo de se perder,
proteja-se da tormenta.
Controle-se: camisa-de-força.
Tente não ser muito louco,
procure não se jogar.
Dê seus passos com cautela,
se esconda antes de fugir.
Enxergue a chance do azar,
e corte ela pela raiz.
Não deixe, não deixe ele chegar.
- Segure, não deixe o vento partir.

E calem a boca!
Você não manda em mim.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Via crucis.

Me atiro e me quedo,
não fujo.
Espero e atento,
sei quando chego.
Me assusto e me escondo,
morro de medo.
Não nego e confesso,
aconteço.
Me culpo e me digo,
quase machuco.
Enxugo e respiro,
novo renasço.
Me aceito e agrado,
nunca esqueço.
Sorrio e abraço,
enlouqueço.
Me vivo e me morro,
ressuscito.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Sem saber, proteção.

Não sei o que faz de mim o que eu sou.
Sei que minha história vai passando
Sei que os dias vão chegando
Sei que as coisas vão acontecendo
Sei também que é meu costume me defender.
Vivo tomando pancadas.
A história e os dias são confusos
as coisas acontecem meio atrapalhadas, montadas.
Eu me protejo.
Não sei o que me faz me proteger como faço
Ficar escondida e encolhida atrás do meu escudo
parecendo armada e perigosa.
Não sei o que me faz afastar os outros assim.
Na verdade eu quero é ser protegida.
Sou indefesa e sou inocente.
Meu espírito é frágil.
Minha tendência é me machucar.
Fico esperando alguém disposto a cuidar de mim.
Alguém que se veja forte o suficiente, capaz o suficiente
pra ficar do meu lado.
Não é fácil, eu bem sei.
Queria saber o que faz de mim o que eu sou pra buscar proteção.
Esse ser estranho e avesso.
Essa gente incomum, ora perfeita, ora deixável,
ora qualquer outra coisa.
Sei quem eu sou, mas não entendo.
Me protejo de mim.


Em 09/09/2008.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Acabou. (boa sorte)

(Esse é velho, mas o título é novo :P)


Cada dia um dia a menos.
Um dia a menos para o fim.
O fim do sofrimento
o fim da alegria.
Tudo é certo de acabar.
O momento bom vem e acaba com a tristeza,
e a decepção vai desmanchar a felicidade.
Sombras de viver.
Fumaça sem cor se formando e devanescendo
Sentimentos passando, viajantes profissionais
Sem fim, sem destino
Acabam, emudecem.
Acolhidos na penumbra, protegidos do temporal
Fogem, acabam
Com os dias a mais
Que subtraem
Os dias aproximam o fim
E quero que acabe.