quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Meia Noite

Amanhã é dezembro
e já não lembro
de estar só.

Só estou
lembrando
desses amanhãs.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Sobre a fonte...

Não que teve que secar:
teve que calar
para mais livremente
jorrar.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Hora de vestir.

E com essas tantas palavras amarrotadas
de lado com a pilha pra passar
estendo às vistas as seguras que devo usar
e dobro com cuidado aquelas outras que tenho que guardar.
Já estão prontas,
mas escondidas
num fundo de armário
esperando a hora de combinar,
e não tem pressa
pode esperar.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Prelúdio

"Eu quero até as migalhas, o pó."

*

Se seu chaveiro foi presente dele.
E nesse porta retrato esteve a foto daquele.
Foi nessa cama que dormiu esse.
Há tantas dessas coisas que enchem sua casa.
Quanto de alheio reside aqui?
Quanto do seu coração é dos outros?
Quanto do seu corpo não é mais seu?
Quanto de ti se propõe a me dar...
(és minha?)
...e quanto de mim quer você aceitar?
Pois com os restos hei de saciar os demais.

sábado, 3 de setembro de 2011

3x1

...pois não são iguais.
Já sabia.

Boa noite.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Grito de liberdade

Eis que
por trás das grades
aprisionado
amuado, sofrido, esganiçado
sem pompa
sem glamour
sem escola, sem raça, sem nobreza
sem banquete farto ou fêmea formosa
soou da janela
o miado do gato pela vizinhança.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Drão.

Dispensada cerimônia, caminhou sozinho o lavrador.
Tenra manhã, caminhou na terra úmida, nos charcos, no chão.
Em sua casa, paira sua ausência, e ninguém ninará o bebê.
Sob os primeiros raios do dia, pôs-se a rezar. Pôs-se a chorar. E pôs-se a cavar.
O semblante de trabalhador dedicado, o passo torto do homem acabrunhado, e a honra do pai que não há de se desesperar.
E não haverá que pensar em firulas, quando estão todos com saúde.
Não lamenta, nem pensa, nem se lembra, que nada há de viver para sempre antes de reviver em flor.
Morreu, e foi enterrada sozinha com seu nome:
semente.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O segundo.

Diga de novo que não me quer de verdade
que também quero faz de conta
quero ser bobão antes de dormir

e na luz do dia achar graça de você.

É que seu jeito de dizer que foi invenção
é igual ao meu jeito de fingir
e negar sem fim sob tortura

que por um momento achei graça em você.

Mas o seu jeito de desmentir
que nem meu jeito de me esquivar
escondendo de tudo e de todos

que sequer por um momento pude querer você.

O nosso jeito de ser sempre o não
é nosso não, e nunca nosso fim
tão igual na negação

que começo a achar que em mim
_____________________________tem um pouco de você.

domingo, 31 de julho de 2011

As únicas linhas

E se naquele momento que a ideia surgiu ela valesse de alguma coisa
talvez os mil dizeres entrassem pra história
assim, como ditados populares
ou os mil fogos de artifício estourassem
assim, como reveillon
ou as mil cantigas se espalhassem na rua
assim, como grandes hits
talvez as mil palavras que pensei em dizer
assim, fossem ditas
e os mil sentimentos que pensei em sentir
eu sentiria por ti.
Talvez você gostasse de mim.
Talvez mil beijos, talvez mil brigas.
Foi essa ideia que tive
assim, como babaquice.
Talvez não valesse nem essas linhas
mas valeu, enfim.

domingo, 17 de julho de 2011

A história do ladrão

Aquele timbre também foi meu
largue de cantar minha canção
dançando sozinho meu compasso
me dando asco com seu desprezo

Fera!
Deixe de fora meu tom
e entoe seus corais longe desse cântico
antes de mais nada não cria
e depois afinal insiste em musicar

Besta!
Esse talento também é meu
e cantar essa história de trás pra frente
não inventa
só corrompe minha criação

terça-feira, 12 de julho de 2011

_Canção de ninar_

E tem fim a noite dela no apagar das luzes
descansa à noite pelo resto de si
Descansa a noite no acender do dia
para ele, o notívago enciumado
Exige ele que a noite seja o refugio
que nela deite a imersão feminina
que possa passar em claro o escuro dos sonhos dela
velando à noite, a noite.
Mergulha no sono ao despertar
e alivia o espírito inseguro
sabe que permaneceu sua à noite
sabe que a noite foi sua.


Mas inquieta mente, perturbadamente,
ao contrário, escurece o despertar
quando à noite não está só
e não está só a noite
não se dispõe a dividir a sua
que julga ser o seu
não se desprende do que reivindicou para si
desperta à noite, no acender das luzes
e lá está a sua
desperta a noite adúltera
acompanhada de sua companhia.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Exuberância.

Não só carne
e curva
e cabelo
e perfume
e pintura

mas pele
e caminhar
e olhar
e cheiro
e sedução.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Vuelvo al Sur



Vuelvo al Sur,
como se vuelve siempre al amor,
vuelvo a vos,
con mi deseo, con mi temor.

Llevo el Sur,
como un destino del corazon,
soy del Sur,
como los aires del bandoneon.

Sueño el Sur,
inmensa luna, cielo al reves,
busco el Sur,
el tiempo abierto, y su despues.

Quiero al Sur,
su buena gente, su dignidad,
siento el Sur,
como tu cuerpo en la intimidad.

Te quiero Sur,
Sur, te quiero.

Vuelvo al Sur,
como se vuelve siempre al amor,
vuelvo a vos,
con mi deseo, con mi temor.

Quiero al Sur,
su buena gente, su dignidad,
siento el Sur,
como tu cuerpo en la intimidad.

Vuelvo al Sur,
llevo el Sur,
te quiero Sur,
te quiero Sur...

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Onda de pessimismo:

de um ser otimista...

O tempo não vai dar.
O horário vai atrasar.
O preço vai subir.
A loja não vai abrir.
O dinheiro vai acabar.
A comida vai estragar.
O trânsito não vai fluir.
O prazo vai precluir.

O inimigo vai triunfar
o outro não vai desculpar.
A outra vai descobrir
o amigo vai rir.
O amante não vai ligar
a história vai acabar.
O vulcão vai eclodir
as cinzas vão colorir.

Vou voar
vou partir.
Vou voltar
vou seguir.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Férias - Primeira Parte

Agora olho enfim a cidade onde eu nasci
esse interior macabro
e percebo que daqui nunca saí.

Reencontro a pequenez dos habitantes do lugar
enquanto vejo essas ruas desertas
delirando que o resto do povo vai ficar onde está

Cidade da grande mentalidade do interior
Oh, metrópole de merda!
Onde eventualmente o ódio supera meu amor

Um suspiro de saudosismo pra fofoca da janela
do MSN, talvez
maldosa e pequena, besta que só ela

E que falar do podre congestionamento?
da falta de técnica e educação
como passo meus dias sem viver esse sofrimento?

Nascer e crescer nessa cidade grande ruim
e só quem é daqui pode falar
envelhecer e perceber que é estreita demais pra mim

Não vou-me embora de Salvador
lá, finjo que sou amiga do rei
e hoje é meu ódio que dorme no ombro do meu amor.

domingo, 19 de junho de 2011

Breve divagação sobre a palavra proferida e a cara de pau.

Mandarim, Cantonês, Esperanto e Elfico.
Por que é tão difícil entender meu português?
Pode ser que um dia eu fale pra ninguém ouvir,
mas no outro eu desenho pra ninguém duvidar.
Vai que um resolve interpretar o caminho da obscuridade,
quando era pra nadar no mar da limpidez...
Tá tudo errado!
Salve a audição pro que eu digo, em troca da leitura do que divago.
E não bancar o desentendido, por favor.
Surdo, burro, ou se faz, mais de um.
Aqui divago novos magos, novos guardiões.
Mas quando falar de mapas e soluções de viagem, da logística e da razão, não me julguem. Eu sempre sei o que estou dizendo, vocês que não me entendem, ou acham melhor ignorar.

Falta coerência nesse (meu) mundo.

sábado, 18 de junho de 2011

Somewhere...

Lembra de quando Lula ouviu aquela risada
e agora tá essa bruxa gargalhando
solta
voando no oeste
debaixo dessa chuva
Mas sabe, é que meu coração é selvagem
talvez não seja tão nova e possa cantar esse blues
mas em estradas cinzas
solta
fico eu.
Então adeus.


(Especialmente pra minha amiga Carol que não lê meu blog porque não entende porra nenhuma)

domingo, 12 de junho de 2011

Acabei de acordar.

E sob a cobertura de um clichê infinito
cai o domingo banhado em temporal
É dia dos namorados, mas não de São Valentim.
Em suas casas, matronas padecem, desprezadas.
Solteironas desafiam, rejeitadas.
E mulheres jovens, velhas, e não tão jovens ou velhas podem sentir alegria, namoradas.
E a vida solteira prossegue igual, vivendo esse ainda outono.
Há que sair, ainda chuva.
E há que repetir a dominguez de familiar, de comer feijoada.
Eita vida besta!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Daí eu lembrei,

Me deu um arrepio
que medo!

Eu não sei que frieira me deu
e sei lá que vai dar.

Mas tremi,
por fora de ti.

domingo, 5 de junho de 2011

Canção de domingo.

Desastre pelo chão.
Subia uma de lá enquanto descia a outra pra cá, em desordem, em confusão.
Foi puxão de cabelo, tapa e arranhão.
Também teve murro, pontapé e beliscão.
Suadas, separaram em exaustão,
feridas, anunciaram a decisão.
Detonada, reconheceu a vontade de estar só
que era mais forte a solidão.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

segunda-feira, 30 de maio de 2011

8 + 80

Faço essas contas e aprendo o bê-a-bá
não é de não ter Floripa que me contento com BH
Se é que me entendem e é possível que não
meu dialeto indecifrável em certa ocasião
e nessa ocasião hei de esperar um sinal
que poeira e restos não servem mais afinal
E essa maldita confusão no âmbito da profissão (ulalá)
também não ajuda no resto da arrumação
E o maldito Guilherme Arantes vem me dizer:
"infelizmente nem tudo é exatamente como a gente quer..."
então me responde por que diabo eu espero
se NUNCA NADA é do jeito que eu quero.
Vou parar de dar ouvido a maluco.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Fábula.

Eis que Narciso olhou contrariado uma imagem que era sua
pois que refletido via seu inverso e não o que esperava de si
Ao lhe sorrir direito o outro, sentia contrair em espanto seu lado torto
ao lhe acenar com o braço esquerdo, apenas endireitava indiferença e desdém
...quase avesso
Tomado por súbito terror, assombrou-se em catarse para averiguar aquilo que amava
seria seu puro interior que sempre havia admirado,
ou estivera sempre a contemplar tudo aquilo que não era?
Não sabia se devia mais se orgulhar de sua encantadora figura
pois que não se permitia enxergar além do que se refletia
e que percebia, agora, ser seu oposto.
Se contrariou em vergonha, e aceitou que se permitia amar outras formas de si, ainda que distorcidas e confusas, talvez incompreensíveis.
E em silêncio pediu perdão, mas se orgulhou, pois viu que seu amor, muito antes de egoísta, era fraterno.
Eis que a imagem no espelho contemplou Narciso, e pensou se ver, ao então perceber, que era um amigo que lhe sorria.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Fim de ano

Medo sem fim desse paraíso que roubou meu inferno, medo desse ano acabar, e essa calmaria nunca mais voltar.

Medo desse ano ímpar.

sábado, 30 de abril de 2011

Jazz

Me faz lembrar daquele dia que as nuvens
partidas
a milhão
mostraram o céu mais cheio de estrelas
Era o dia da noite mais bela que a chuva
partida
a milhão
tinha mostrado o sol mais cheio de calor
e a noite mais cheia de calor.
Jaz agora, em minhas vistas, uma parede encardida, lembrando e querendo menos água.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Canção do desaparecimento

E olho um rosto
abatido
a ti rogo a prece
da despedida

E vejo um ombro
querido
de mim se separa
na partida

A ti desejo
agora que partido
Coração
sorte de verdade

A ele prevejo
meu caro amigo
furacão
de pura saudade


P.S.: *Para Vitor, claro.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Alívio

Mute desapertado.
Sou ruim de mudez.
Misturar sem som
falar na minha voz
ouvir no seu ouvido
e já ao longe
ouço cachoeiras
como antes ouvi
meu caro
a ti.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Oxi.

Vade retro esquisitice
antes que eu ache graça.

domingo, 27 de março de 2011

A última dor

E nesse dia que me fiz bola em minha cama
encolhida, tentando caber num espaço menor
amassada como papel,
ouvindo barulho de água, da chuva e da pia pingando
da cozinha alagando,
da vizinha reclamando,
tentando
agradar meus gatinhos pra eles me deixarem em paz
nesse dia, pelo menos,
que me permiti sentir a última dor,
sentida em contagem regressiva,
nesse dia, que já se vai,
comemoro,
essa última dor,
porque ela tá aqui comigo,
como tinha que estar,
mas contando um a um, sem correr,
os segundos pra acabar.
Pois agora, que já há muito se foi o fim,
se vai o último resquício de mim,
e para de doer enfim.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Pra casar.

Solenemente, diante de vós, eu juro
para sempre e todo sempre aguardar.
Minha alma e meu querer eu asseguro
são seus e ficarão a te esperar.

O corpo pode e vai se aventurar
mas juro de novo que é por puro acaso.
Não me venha de moralista posar
quando és tu que não me quer ter ao seu lado.

E não ligo pra essa espera sem fim
aproveito as migalhas que me jogam.
Sei que não virá nada melhor pra mim
das aventuras que sobre mim assolam.

E hão de me julgar doida varrida
de querer quem nem nota minha existência.
É que prefiro me fazer despercebida
e acreditar que chegará sua preferência.

Mas um pingo de razão me faz encarar os fatos
caso esse dia nunca venha à tona...
pelo menos me fazem companhia meus gatos
que já compõem minha imagem de solteirona.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Nesse mundo só tem louco

E eu sou a primeira a me manifestar
pairando em minha pretensa insanidade
na sede dos outros doidos julgar

Eu confio na minha descarada lucidez
quando outro surge bradando em delírio
e fico sã quando mergulho na embriaguez
quando a guarda baixada recebe algum auxílio

Nesse mundo só tem palhaço.

E eu sou engraçada
quando ouço palhaçada
me meto a dar risada
pareço descontrolada
e me dizem alucinada.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Poema dos dias atuais

(Autor: MACIEL, Paulo Richard)

Todos os dias, os dias todos
procuro ser levado à perfeição
Preciso evitar a exaustão
E permanecer lúcido

Na maior parte do tempo
É como sonhar com tudo e não ter nada
Ou como se apaixonar outra vez pela pessoa errada
Mas eu tento

Todo dia alguém me conta
Que devo acreditar em faz-de-conta
Que não é só pensar em meu salário,
que é melhor fazer mais o meu trabalho
É? E quem vai pagar minhas contas?

No próximo final-de-semana
Tentarei encontrar uma barraca de praia sem sonhar acordado
Procurarei então só caminhar na areia sem ser assaltado
Para entender a lei e sair voando...

Não posso dormir, ainda falta muito pra meia-noite
Agora é um pouco cedo pra estourar o meu limite
Acho que é boa hora pra procurar uma outra fonte
Talvez deva sentar um pouco e navegar na internet

E a toda hora tem mais lixo chegando
Parece que estão todos produzindo - será que tem alguém limpando?
Daqui a pouco uma nova usina-bomba nuclear pode acabar com tudo
Paus e pedras de novo? Só se for em outro mundo
(CUIDADO!)...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

...por pensar assim...

No escuro eu matuto enquanto outros dormem
que tipo de dia será amanhã?
Que loucura posso inventar pra chocar o mundo?
E penso talvez em mil coisas que poderiam ser.

No escuro eu perco meu tempo de jovem
vivendo em silêncio uma estratégia vã?
De que vale um sonho e um plano novo a cada segundo?
Fico na lamúria petrificada ao invés de me mexer.

Mas quando amanhece eu tô sempre cansada.
Coisa de quem ficou devaneando de madrugada.
E tudo de mágico que no dia ensejo
se perde na lágrima de cada bocejo.

No sol eu ando, espero, e converso
chego de um lugar, rumo pro outro, dentro do prescrito
não do que eu planejei antes de dormir (não...)
mas do que o dia a dia me faz repetir.

No sol me imagino no holofote do sucesso
chego a pensar no cenário mais bonito
planejo os discursos que vou proferir (e então...)
aparece a sombra pra essa imagem sumir.

Mas quando eu chego eu tô sempre suada.
E o calor me faz ficar mal humorada.
Daí o glamour acumulado na tragetória
evapora no travar da porta giratória.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Jake Gyllenhaal

Quantos amores vem e vão vivendo somente na imaginação...
Não falta querer, falta é ver, falta poder acontecer.

Hoje sonhei de novo.
Hoje acordei pensando no "se"...
Hoje apaixonei de novo,
porque a beldade do parque mereceu um amor de mim.
Anteontem me irritei de novo,
mas não conto mais.

Não quero chamar atenção com nhenhenhem.
Não quero virar calo de ninguém.
Não quero lamuriar com mimimi.
Nem quero viver à sombra do que perdi.

Também não quero ser chorona com minha poesia,
a doidona da fantasia,
quero acertar no alvo qualquer dia,
e jurar que era exatamente o que eu queria.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

2011

Não podia ficar mais nem um minuto com a gente.
Sentia muito, mas não podia ser.

Diante de uma opressora selva de concreto - e sob o sol de escaldar
não tinha mais aonde se esconder dos demônios criados que tinha de exorcizar.

Preferiu fugir.

Apagar a luz e faltar gasolina... se empurrar pra outro lugar.

Talvez só ir.

Pode ser que só queira levar todos pra passear,
respirar fundo e sentir a terra de lá.

Talvez os demônios esqueçam dos prédios de onde vieram e nadem nus no rio, corram livres pela floresta.
É possível que crie apenas uma canção de libertação.
De desatar os nozinhos das amarras que fez ao longo do tudo.

Culpa de quem deixou esses nós à mão. Então... se vão. Pode ser só dança.

Quem algum dia esquecerá esse verão? Que não se amarre então aos demônios que virão. Que sigam todos soltos e livres.

Que não se esqueça do que criou para o mundo (e não pra si), de seus antes.
Que não exclua o que construiu (seus sonhos) dos seus daqui a pouco.
Que viva (viva!) seus agoras.

E que não perca seu trem que sai agora às 11 horas.