terça-feira, 25 de maio de 2010

Decifra-me ou...

Não foi de cara, confesso
mas não tardou a chegar
Aguça a percepção de que algo está fora do lugar
Que inseriu no quadro uma cor destoante
e não é com essa cor que vai seu quadro pintar
que não é dessas fontes que irá em breve se inspirar
No meio tempo, aproveita, bebe a água que sobrar
Mas não finge que tal bebida é a melhor no paladar
Todo mundo sabe que não gosto de água!

(E todo mundo estranha...)
Mas não são muitos que sabem que doce não é meu forte
Tem gente que vê de cara, confesso
que meu gosto é amargo

Vive ainda, não nego
mas não me faço de burra pra o tempo prolongar
As cartas estão na mesa, embaralhadas
esperando pras canastras formar
Um exército de cartas marcadas
prontas pra cabeça cortar
ou as orelhas, e não me faço de morta aqui nesse lugar
meus infinitivos não vão tão bem como em Ju
Mas com um esforço posso também rimar

domingo, 23 de maio de 2010

8 dias para o fim do mês.

Veio ao som das gotas de chuva
Sem decidir direito a direção
Duvidando do que tinha de si
Apanhando migalhas com a sorte
Sorteando as horas de ser feliz
Aceitando o que veio de ruim
Usando bem os exemplos negativos
Aprendendo com os erros
e repetindo de pirraça
Veio aqui onde estou
vai aí onde está
espere.
Juro que não escondo nada, não é de mim.
E agora que começa novo ano, a mesma chuva há de virar.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Do lado de dentro.

Precisa um pouco de mim, pra sair da mesmice
Tá bom que para, mas depois começa, e de lá segue
Precisa um pouco, bem pouco, é estranho
Não faz mal se não for eu, pode ser alguém
Não nota, bobagem, se eu vou por lá
Posso então relaxar, me guiar, se for eu por aqui
Já é quase hora, não dá pra negar
Deu quase aquela hora, que precisa sempre dar
Se estou esse tempo que é curto
Cuidar de libertar, usar esse pouco
E em seguida levantar e seguir, em seu rumo
Que é breve essa forma de me usar
Mas é como deve ser, como se lê nas instruções
Desse objeto de uso prescrito, homeopático
Que não serve pra curar, serve pra ferir
Pra que das cinzas do ostracismo surja enfim o dom da inspiração
Que não sou eu, não, mas ajudei a criar.
Já meu preço, tá difícil de cobrir
Sobra então meu lado de cá
No meu frio inferno que acaba agora que o ano vai começar.