terça-feira, 25 de novembro de 2008

Marcelo

Deu uma de abestalhado
jogou meus sonhos no chão
No alto de sua loucura
partiu meu coração
Pirou na batatinha
agiu como fanfarrão
Perdeu a credibilidade
ganhou fama de bobão
Fez o inexplicável
perdeu toda a noção
Escolheu o desprezível
pra servir de inspiração
Virou o cara vencedor
no final dessa canção
Escolheu a criatura errada
pra qualquer homem são
Enquanto a certa está atordoada
rimando tonta em vão
Cansada ela de querer
o amor desse bufão.

sábado, 22 de novembro de 2008

Janelas

Vejo tantas janelas
abertas de luz e vento
fechadas de noite e sombras
cortinas de vermelho e pano

Fecho nervosa
tremo assustada
janelas de passagem
de chãos sem tetos
de cobertura sem sustento

Vejo tantas, escancaradas
batendo ao vento, brilhando ao sol
escondidas de vidro
expostas de sombras.

domingo, 16 de novembro de 2008

Saiba que nada sabes.

Nas belas palavras de amiga que tenho,
aprendi e ensino que o eu-lírico não é lá muito confiável.
Não sou eu, não por inteiro.
Ele é falho e esconde muita inteira verdade,
mostra verdades meias.
Então não se iluda com o que lê
não se empolgue com o que acha
ó, Mágico da Felicidade.
Não é imaginando e voando tão longe com a criação de suas verdades que saberá a minha.
A minha é só minha.
Não vá tão alto com suas mentiras
pois a realidade não se transforma
é crua e cruel, e dela não esqueço.
Não deve esquecer também.
Não é forjando minhas verdades que virá o inculpável ou impunível.
Posso ser louca de escrever, louca das palavras.
Mas sou mais louca de não esquecer, louca das lembranças.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Fumaça e Cinzas

A cinza fumaça que limpa a mente do trabalhador
andando impassivo e dormente entre as fábricas
trabalhando mecanicamente sua emoção e sem amor
esquecendo da noite que provou suas lágrimas

A cinza fumaça que vem da comida do fogão
essa fumaça com sabor que embarga o olhar
o cheiro de comer pra quem tem o seu quinhão
esquecendo de um tempo que a fome ia roncar

A cinza fumaça que deixa o fumante impregnado
cai no chão espalhando sua cinza em pó
e o cheiro que sai da camisa deixa o sentido embriagado
que faz lembrar de alguém e ver que está só

A cinza fumaça que vai saindo do cigarro
o cigarro que vai tirando a fome e sujando o chão
o trabalho adormecendo as lembranças em que esbarro
e o cheiro (cinza) amolecendo o coração do peão

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Trilogia

Não somos jogos
somos puros
somos límpidos

Não temos artimanhas
somos claros
somos nítidos

Não nos escondemos
somos luz
somos lúcidos

Não somos jogos
somos maduros
somos adultos

Somos egos
e somamos eros
Somos mulheres e homens
Somos vivos
Mas não jogamos
pra não perdermos
pra sempre ganharmos.

Não somos jogos
somos egos
somos eros
somos juntos