segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Noite insone.

Misturo aqui o presente e o passado
e me vem aqui uma dor no peito
de misturar aqui o belo e o feio
e me aquecer aqui um calor inesperado

Me diga você: já teve algo lindo em sua vida?
Já confundiu com as coisas horrorosas?
Já achou que nunca ia curar uma ferida...
Te digo eu que profundas são as nossas.

Sabe o conforto que me dá de não ter que escolher
e ao mesmo tempo que nada fere mais
não quero fugir nem negar nem saber se são iguais
os primeiros dias, que diferentes, em paz!
é isso, é isso que faz!
não dá pra querer nem saber nem fugir, dá pra ser.

Dá pra ser? Acho que dá.
Quer ir? Pois que vá.
Quer ficar? Dois.

Que no túnel, ainda que escuro, dá pra saber que é dia.
Que é surreal o bem que faz essa companhia.
De não andar sozinha nesse breu, de ter algo que é seu,
de tranformar uma noite insone, um dia de sol, um túnel escuro, em poesia.



(Tic-tac tic-tac pegadinha do malandro)

sábado, 18 de setembro de 2010

A Bêbada e o Equilibrista

Caía a noite feito qualquer dia.

Mas no centro um sol iluminava a madrugada
em colisões explosivas como estrelas
Era o encontro da poeta com a poesia.

Viu aquele poema em estado puro
um instante congelado no palco histórico
Enquanto ao redor se espalhava a boemia.

Aglomeravam-se infinitos espectadores da noite
Turistas, negros, analfabetos, amigos
E até família, quem diria.

Apreciando a bêbada fazendo a graça
Do equilibrista que voou pra casa
Se a boemia rima com a poesia eu diria que um dia
esse show tem que continuar.

sábado, 11 de setembro de 2010

Canção.

Eis o que vou fazer
quando eu pensar em você
vou cantar uma música
quando quiser te encontrar
vou lembrar dos versos
quando ousar falar a você
vou ouvir a melodia
e me calar.
Eis o que há de ser feito
quando falhar o amor próprio
vou cantar uma música
quando antecipar humilhação
vou lembrar dos versos
quando ousar perder a razão
vou ouvir a melodia
e ter orgulho.
Eis o segredo
cantar uma música
lembrar dos versos
ouvir a melodia
e deixar pra lá.

Não quero mais me desmentir
eu não vou mais te procurar.
Mas eu tô sempre por aqui
quando quiser é só chamar.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Duas Cores

(Trilha sonora: Mombojó)

Agora eu sei o que quero enxergar
Esse colorido não devia mais me enganar
Porque a cor deforma
Quando a luz vem a brilhar
E assim seu olho começo a decifrar

Dai-me outra cor
Que não seja a do seu olhar
Dai-me outro amor
Que venha pra me perpetuar
Dai-me outra cor
Que não tenha o que eu quero enxergar
Dai-me uma dor
Que sirva para eu acordar
Dai-me outra cor, dai-me um amor, dai-me uma dor

Pelas esquinas que eu andei
Nenhuma delas te encontrar
Mas eu tou sempre por aqui
Quando quiser, é só chamar
Andando reto, sem destino
Vivendo sempre do passado
Não quero mais me desmentir
Eu não vou mais te procurar

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Dois.

Anda ela no túnel escuro, sempre em frente, sem pensar em voltar atrás.
Procura a tal da luz que se diz por aí salvar os perdidos.
Caminha em linha reta pois é o único caminho, esperando aparecer o arbítrio.
Segue nas sombras escondida sem se esconder, sem que ninguém veja.
E não é sempre que dá pra ver as lágrimas que derrama no escuro.
E não é sempre que há um mágico que crie tramas no absurdo.
Claro, não pra quem for por esse túnel de trevas, nada se vê, nada se cria.
Apenas se segue.
E quanto mais se percorre, mais dormentes ficam os pés, mais confusas ficam as metas.
Para onde mesmo está indo?
Já não sabe mais que fim vai ter o caminho, se no sonho ou no pesadelo, se no plano ou na decepção.
Será que não dá pra parar no meio? Desistir? Se já nada mais faz sentido, é tudo ilusão.
Aonde vai dar esse passo se essa luz já não existe em sua crença. Cá pra nós, nessa altura já não acredita em nada!
Todo esse tempo soube que subitamente, de um canto na escuridão, algo ia surgir.
Sabia, mas não acreditou, que existia. Mas existe, e apareceu.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Drama de mulherzinha

O zen é forçado
nos suspiros mecânicos
fingindo fechar os olhos

É assim que falta o sono
quer enganar quem?
com esse invólucro espesso

Tá vendo esse ombro curvado
de carregar o peso do mundo
e mascarar a careta feia

Tá inquieta
divagando sem parar
se tapeando sem sucesso

Olha esse jeito de mulher!
tão... mulher.
Para com isso já, vai.

Quem aguenta tanto drama?
Eu não aguento
mais meu drama.