quinta-feira, 3 de julho de 2008

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Soltou um berro de indignação. Luana não suportava mais aquilo. Normalmente tinha bom limite de paciência, mas naquele dia esgotou-se facilmente.

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Luana não era velha, muito moça na verdade. Tinha menos de vinte e era saudável. Possuía certa beleza, cabelos e dentes bem cuidados. Vestia-se com apuro. Tinha olhos escuros espertos, boca bem feita e bem usada. Falava bem. Seu corpo era proporcional e não era baixa. Luana tinha uma beleza muito sincera e não passava despercebida. Não ficava nisso. Estava na escola e era boa aluna. Ia além. Não só era estudiosa mas bastante inteligente e viva de pensamento. Uma moça realmente bem apessoada e simpática, que dificilmente não seria apreciada onde quer que sorrisse ou expusesse suas opiniões. Difícil então minha tarefa de explicar o porquê de Luana se sentir uma menina diminuída e azarada. Sentia-se ofendida e acuada. Devo advertir que a história é alarmante, pode parecer meio triste, e um tanto fútil, mas tentem compreender a pobrezinha. Eis Luana. Luana é a mais nova de três filhos de pais mortos. Sim, Luana ficou órfã de pai e de mãe aos 12 anos por causa de um acidente de carros. Mas não é por isso que ela é frustrada. Desde então Luana e seus irmãos foram morar com os avós, mudando de cidade, de ambiente, de amigos. Luana passou por esse processo, mas não é por isso que ela pena. Luana é caçula e cresceu paparicada por avós, tios e irmãos. Mas não foi isso que estragou Luana. Direi agora o motivo maior de desagrado para esta criaturinha. Não se choquem. O que consome Luana dia após dia é uma crescente, vigorosa e corrosiva inveja nutrida nos laços fraternais. (Continua...)

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