segunda-feira, 30 de junho de 2008

segunda-feira, 10 de julho de 2006

Era a personificação de um coração partido.
Aparência, então, não podia ser boa.
Olhar para ela era sofrer.
Transbordava em seu semblante tempos de amor e
felicidade
liquidados por muitos outros tempos de dor
e tristeza.
Transbordava dor e tristeza.
Tão cheia que estava da dor e da tristeza que escorriam
pelos olhos.
Não pense que era bom olhar pra ela.
Era terrível.
A angústia contagiava.
A imagem era desagradável.
Era daquelas coisas horrorosas que se tenta desviar os olhos
mas não consegue porque ninguém se priva de um espetáculo bizarro que aparece assim tão fácil pra ser apreciado.
Mas não pense que alguém tinha pena.
Ninguém tinha pena.
Aquilo era o óbvio.
Era se ver, e finalmente a redenção.
Porque um dia ia chegar em que ela também iria se ver,
lembrar do ser infeliz que já foi,
agradecer ser feliz então,
sentir horror por uma imagem corroída (como era agora a dela),
mas se sentir bem por não ser mais ela.
Se sentir bem por se vingar num desconhecido. Sem pena.

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