sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Pshhhhhhh!

Ela pensou naquela madrugada, que era hora de recomeço, e que era hora de decisão.
Viu que havia um novo ano chegando, e decidiu decidir e ser firme nas resoluções.
Sentiu que a vida estava frágil, que a bagunça era geral, mas sentiu que podia por tudo em ordem, organizar por cores e importância, talvez ordem alfabética.

Ligou para sua amiga maior, e confidente, contou de um ponto de partida.
Ouviu a risada habitual, a graça, tudo aquilo que já conhecia e que denunciava os anos. E os anos denunciavam que certas amigas acham que nos conhecem melhor do que nós. Então contou que estaria só, naquele ano novo, e que ficaria bem.

E pensou que se conhecia melhor que ninguém, e que tinha mesmo passado aquela idéia errada, mesmo pra quem viu os anos passando com rumo. Mas uma idéia é só uma idéia, o que sabia era da verdade. Ela então dialogou com si, voltou a falar das borboletas de Elton John, voltou a falar dos romances que não se complicam pelo mais ou pelo menos. Voltou a falar da riqueza do ser, do peso e da leveza. Voltou a falar de si como um ser único que não precisa de ninguém para existir, existe.

E soube que naquele novo ano, algo especial ia acontecer. E o algo especial era sua vida. Ela pensou naquela madrugada que sua vida continuaria naquele ano. Que 2008, maldito, não a havia derrotado.
E preparou-se para o que queria de um ano novo.
Queria um algo que é doce. Queria um algo que é firme. Queria um algo que é bem. Queria um algo que é de valor. Queria um algo que é possível. Queria um algo que é real. Queria um algo que é rico.
Mas querer não basta, basta?

P.S. Pshhhhhhh!

Um comentário:

Anônimo disse...

estilo clarice lispector...muito bom, 2009 será um ano especial, acredite!